A humanidade chegou ao século XXI nas tecnologias, mas trata o sexualidade da pessoa com deficiência como algo inexistente ou como tabu, mantendo-se em um atraso secular.
Em primeiro lugar se faz necessário diferenciar brevemente a sexualidade de sexo, pois sim, há diferenças entre os dois e são bem mais aprofundadas do que se julga.
A Sexualidade abrange uma inumerável quantia de características e é vivenciada por todos os seres humanos, diferentemente do sexo que em biologia determinaria feminino e masculino, macho e fêmea e nas rodas de conversa é o ato sexual, o coito. A Sexualidade traz consigo o desejo, o carinho, as emoções, o contato físico, o olhar e outros aspectos inerentes a pessoa.
Como na atual sociedade a sexualidade é automaticamente ligada a sexo no contexto do coito, da “transa” e, logo na sequência, ligada aos corpos perfeitos com movimentos e sensibilidades preservados, aqueles corpos com deficiência vistos como imperfeitos não são associados a sexo e ficam relegados ao preconceito da incapacidade física e sexual.
O psiquiatra Fabiano Puhhmann em seu livro “A revolução sexual sobre rodas”, faz profundas reflexões sobre a sexualidade da pessoa com deficiência e o universo da sexualidade, criticando a afirmação de que há uma espécie de teimosia em determinista de que onde há deficiência não pode haver sexualidade. E aqui mais uma vez o preconceito reina.
E sim, há sexualidade independentemente de tipos ou graus de lesões e deficiência.
Uma pessoa com deficiência com perda de sensibilidade, por exemplo, não perde o desejo ou as emoções, apenas não tem a mesma sensibilidade física daqueles que tudo sentem.
E o prazer?
O prazer como possível final do ato sexual é presente, único e particular como é para todos os seres humanos, aqui enfatizo.
No entanto o olhar de dúvidas de homens e mulheres da sociedade dos corpos perfeitos continua, principalmente sob a ótica da comparação e é aqui que mora o erro, pois, mais uma vez enfatizo: O prazer buscado e encontrado no sexo é único, particular e cabe a cada indivíduo, com ou sem deficiência, determinar o que sente, sentiu ou não.
A sexualidade não pode ser restringida já que está presente em todos os seres humanos. E este artigo de opinião é somente o primeiro a tratar deste assunto.
Até o próximo!
Angelo Márcio